F. E. Jacob, parece ter traços comuns com o bibliotecário Wallace Vidal, personagem de Homo tempus, seu romance de estreia. Não pela personalidade ou pelos acidentes que impulsionam a trama do livro, mas por uma virtude que todo bibliotecário possui: a relação íntima com a realidade dos mundos imaginários que os rodeiam.
No entanto, F.E. Jacob não é um bibliotecário, mas um escritor brasileiro fascinado pela informação em suas mais variadas formas. Desde pequeno se tornou um leitor ávido, deglutindo qualquer peça literária que lhe interessasse: romances, artigos científicos, histórias em quadrinhos… Lentes que lhe abriam a percepção para o mundo ao redor. Assim, Jacob se iniciou na arte de decifrar os códigos da “biblioteca de babel” que J. L. Borges, outro bibliotecário, também chamou de universo. História antiga, física, filosofia, biologia, toda expressão de conhecimento interessava o escritor.
Um “nerd” erudito, Jacob tampouco tomou atalhos em seu caminho rumo à complexa rede de ideias e simbolismos que vemos aplicar em sua estreia na ficção científica. Se formou em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Viçosa e prosseguiu com um mestrado em Política Econômica pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. Tanto estudo engendrou mais ainda a sua paixão pela literatura, resultando em sua obra de estreia, um comentário aventuresco sobre a humanidade que percorre o tempo e as dimensões.
Homo tempus é uma estreia que promete impacto na ficção científica brasileira e já conta com uma agente literária nos EUA. Equilibrando escrita fluida e diálogos instigantes com as poderosas reflexões desvendadas na história. O leitor encontrará uma verdadeira jornada pelos ciclos de aprendizado humanos, vivendo na pele de Wallace Vidal, o bibliotecário que por acidente viaja para o futuro apenas para ser aprisionado por neandertais. Essas figuras pré-históricas, que vemos tomar vida como seres complexos, anacrônicos e próximos de nós, mas com cérebros maiores e mais fortes.
Na trama Jacob é talentoso em trabalhar seu amplo conhecimento no gênero, sua ficção trabalha com temas clássicos sem se atrelar diretamente a nenhum. Uma pitada de viagem no tempo, um pouco de futuro distópico, uma critica apimentada em uma sociedade decadente e, finalmente, um tocante espelho de nossa existência que somente a leitura do livro poderá desvendar, emaranhado entre o possível o simbólico.
F.E. Jacob, ao trazer os Neandertais de volta a vida – em um diálogo intenso com o pensamento científico contemporâneo – nos entretém alimentando nosso pensamento, enriquecendo nossa visão a respeito de nossas origens e também de nosso futuro, em uma aventura antropológica que vigora no tempo e no espaço, nutrindo a empatia e o amor para além das eras geológicas.
É preciso apenas apertar os cintos e preparar a mente, que transbordará nas páginas de Homo tempus!
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